terça-feira, 8 de junho de 2010

Intentona Comunista


A revolução de 1930 provocou uma nova situação no país com o visível enfraquecimento político das oligarquias. Contudo, a falta de uma nova carta constitucional provocou um vácuo ideológico a ser preenchido por tendências políticas que só iriam se organizar depois que uma nova constituição fosse elaborada, em 1934. Prometendo a instalação de uma verdadeira democracia no país, a nova constituição abria caminho para a organização de novos movimentos políticos no país.

No ano seguinte à nova carta constitucional surgiu a Aliança Nacional Libertadora (ANL), grupo de tendência comunista contrário às tendências políticas nazi-fascistas que surgiram no Brasil com a instituição do Movimento Integralista. Formado por socialistas, comunistas, militares, liberais e religiosos, o movimento aliancista defendia a reforma agrária, o fim da submissão às grandes potências capitalistas e a preservação das liberdades democráticas.

Lutando contra os problemas que assolavam o país, a ANL apoiou vários protestos e greves que exigiam ações imediatas do governo. Acuado pela emergência desses episódios, o governo de Getúlio Vargas conseguiu que o Congresso Nacional aprovasse a Lei de Segurança Nacional e, meses depois, colocasse a Aliança Nacional Libertadora na ilegalidade. Insatisfeitos com a medida governamental, os integrantes do movimento decidiram organizar um golpe de Estado.

Em novembro de 1935, um grupo de militares do 21º Batalhão de Caçadores de Natal promoveu o início de uma revolta que deveria ganhar outros focos no país. No dia seguinte ao levante de Natal, outros militares situados na cidade de Recife aderiram à manobra arquitetada pela ANL. Logo em seguida, um grupo de militares do 3° Regimento de Infantaria e do Campo dos Afonsos, ambos no Rio de Janeiro, manifestou seu apoio ao golpe.

No Rio Grande do Norte, os revoltosos chegaram a proclamar a criação do Governo Popular Revolucionário liderado pelo comunista João Praxedes de Andrade. As autoridades locais se viram forçadas a pedir asilo no exterior enquanto as tropas oficiais combatiam a ação golpista. No Rio de Janeiro e no Recife, a falta de organização e a ausência do apoio popular impediram que os revoltosos chegassem a oferecer algum tipo de ameaça maior.

A partir desse episódio, o governo Vargas buscou criar medidas que ampliassem o poder do Executivo e a decretação de um “estado de guerra”, preocupado em desarticular quaisquer outras forças ameaçadoras ao status quo. Com isso, vários políticos e pessoas vinculadas às atividades comunistas no Brasil foram presos ou tiveram seus direitos cassados. Em 1936, o governo ainda criou a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo, que lutou contra a “ameaça comunista”.

Apesar de não conseguir concretizar seus planos, a Intentona Comunista não desestabilizou o governo de Getúlio Vargas. Contrariando algumas expectativas, o incidente comunista acabou sendo aproveitado como justificativa do golpe que originou o Estado Novo, em 1937. Na época, o governo plantou a denúncia de um “terrível plano comunista” (Plano Cohen) que ameaçava a ordem institucional, possibilitando a criação da ditadura varguista que perdurou até 1945.
Fonte: Mundo Educação

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