quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Na TV: o jornalista Geneton Moraes Neto entrevistou a sobrevivente do holocausto, Eva Schloss

Mulher que viveu experiência "aterrorizante" com Dr. Mengele no campo de concentração não quer ouvir falar em perdão para os carrascos. Veja os detalhes desta entrevista no site: Dossiê Geral - Geneton




Você sabe o que foi o HOLOCAUSTO?

O Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler. Segundo a ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos os entraves que impediam a formação de uma nação composta por seres superiores. Segundo essa mesma idéia, o povo legitimamente alemão era descendente dos arianos, um antigo povo que – segundo os etnólogos europeus do século XIX – tinham pele branca e deram origem à civilização européia. 

Dessa forma, para que a supremacia racial ariana fosse conquistada pelo povo alemão, o governo de Hitler passou a pregar o ódio contra aqueles que impediam a pureza racial dentro do território alemão. Segundo o discurso nazista, os maiores culpados por impedirem esse processo de eugenia étnica eram os ciganos e – principalmente – os judeus. Com isso, Hitler passou a perseguir e forçar o isolamento em guetos do povo judeu da Alemanha. 

Dado o início da Segunda Guerra, o governo nazista criou campos de concentração onde os judeus e ciganos eram forçados a viver e trabalhar. Nos campos, os concentrados eram obrigados a trabalhar nas indústrias vitais para a sustentação da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Além disso, os ocupantes dos campos viviam em condições insalubres, tinham péssima alimentação, sofriam torturas e eram utilizados como cobaias em experimentos científicos. 

É importante lembrar que outros grupos sociais também foram perseguidos pelo regime nazista, por isso, foram levados aos campos de concentração. Os homossexuais, opositores políticos de Hitler, doentes mentais, pacifistas, eslavos e grupos religiosos, tais como as Testemunhas de Jeová, também sofreram com os horrores do Holocausto. Dessa forma, podemos evidenciar que o holocausto estendeu suas forças sobre todos aqueles grupos étnicos, sociais e religiosos que eram considerados uma ameaça ao governo de Adolf Hitler. 

Com o fim dos conflitos da 2ª Guerra e a derrota alemã, muitos oficiais do exército alemão decidiram assassinar os concentrados. Tal medida seria tomada com o intuito de acobertar todas as atrocidades praticadas nos vários campos de concentração espalhados pela Europa. Porém, as tropas francesas, britânicas e norte-americanas conseguiram expor a carnificina promovida pelos nazistas alemães. 

Depois de renderem os exércitos alemães, seus principais líderes foram julgados por um tribunal internacional criado na cidade alemã de Nuremberg. Com o fim do julgamento, muitos deles foram condenados à morte sob a alegação de praticarem crimes de guerra. Hoje em dia, muitas obras, museus e instituições são mantidos com o objetivo de lutarem contra a propagação do nazismo ou ódio racial.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola 

História do Meio Ambiente - A Gênese da Destruição

Matéria publicada em O GLOBO no dia 22/01/2011


A Gênese da Destruição
A turbulenta relação entre os brasileiros e as serras remonta à criação do país


Ana Lucia Azevedo

Atrágica história dos desastres naturais em terras brasileiras começa com o país. São Vicente, em São Paulo, a primeira povoação oficialmente criada na América portuguesa, teve o núcleo destruído por tempestades e ressacas em 1541. O padre José de Anchieta, ao escrever na mesma região em 1560, descreveu uma tempestade que “abalou as casas, arrebatou os telhados e derribou as matas”. Desde então, se sucedem os desastres gerados pela combinação de gente no lugar errado, montanhas e tempestades, destaca o historiador José Augusto Pádua, para quem a história tem muito a contribuir para a compreensão da relação entre o homem e a natureza. Relação que pode terminar em desgraça, como demonstrou a tragédia deste mês na Região Serrana do Rio.

— Temos uma longa trajetória de uso inadequado do solo. E uma visão da natureza sem enfoque histórico. As pessoas, e não só no Brasil, veem a natureza como um cenário. Mas a natureza é movimento. É transformação permanente — explica Pádua, um dos poucos especialistas brasileiros em história do meio ambiente e coordenador do Laboratório de História e Ecologia do Departamento de História da UFRJ.

Em busca de uma utopia possível

Pádua diz que a utopia possível é que vamos conseguir adaptar nossas necessidades ao mundo natural. Na era do aquecimento global, em que extremos tendem a se tornar mais regra do que exceção, esse aprendizado ganha urgência.

— É preciso conhecer a transformação da paisagem. Nos últimos dias houve muitos relatos de pessoas atingidas dizendo não se lembrarem de ter visto, em 70 anos, antes algo como as chuvas e desmoronamentos na Serra. Isso é muito tempo para uma vida humana. Mas não é nada para a natureza — diz Pádua.

Autoridades e meteorologistas discutem se as chuvas que devastaram a Serra entre 11 e 12 de janeiro foram as mais violentas da região. Para Pádua, a discussão é secundária. Pode ser que chuvas assim ocorram a cada 100 anos. Pode ser que não.

— O importante é se convencer de que elas podem voltar a ocorrer. Pode ser que tenham ocorrido outras vezes, mas que não tenham sido catastróficas porque ninguém morava lá. Se a história da ocupação das serras brasileiras, e não apenas a fluminense, ainda é incipiente, e está cheia de lacunas, a história natural é ainda mais desconhecida — afirma o historiador.

Exemplo disso é a visão equivocada sobre as florestas. Muita gente se chocou com o fato de encostas cobertas por florestas terem vindo abaixo na enxurrada.

— Muitos moradores pensaram que as encostas estariam defendidas pela presença de florestas. Realmente as florestas são a melhor proteção das encostas. No contexto atual, as propostas ruralistas de afrouxar o Código Florestal representam um tapa na cara da sociedade. Só que as florestas não existem no abstrato. Cada floresta tem sua história. Muitas das formações florestais da Serra são recentes e secundárias, estando bastante mexidas e fragmentadas. Se mesmo as florestas mais íntegras, dependendo do volume de água e do contexto geológico, podem não segurar um deslizamento, quanto mais as florestas secundárias. Conhecer a história de cada paisagem é fundamental para desenhar boas políticas de prevenção e reconstrução — explica o pesquisador da UFRJ.

O passado não registra nada da magnitude da catástrofe que matou centenas de pessoas em Nova Friburgo, Teresópolis e outros municípios serranos nas chuvas deste janeiro. Mas explica sua origem.

— Uma perspectiva ampla permite identificar que transformações na paisagem contribuíram para aumentar o desastre. E demarcar melhor que lugares devem ser considerados impróprios — observa o historiador.

Ele lembra que as enormes enchentes de 1987/88 na Serra Fluminense, ou no Rio de Janeiro em 1966/67, mataram bem menos gente do que a tragédia deste ano. Não porque estivéssemos mais bem preparados. Um fator decisivo é que a escala das populações e da ocupação dos espaços era muito menor.

— Havia menos gente em lugares que nunca deveriam ter sido ocupados. Os últimos 30 anos assistiram a um aumento populacional explosivo. Com as previsões de que chuvas extremas se tornarão mais frequentes, mais do que nunca é preciso repensar a ocupação, os limites de nossa sociedade de risco — frisa.

Nossa sociedade é paradoxalmente poderosa e vulnerável.

— O tamanho da população das cidades, a complexidade da infraestrutura e a dependência de fluxos intensos de matéria e energia, isto é, de água, de combustível, fazem com que nossa sociedade seja ao mesmo tempo muito poderosa, porém muito mais frágil — diz.

A história do Brasil nos traz muitos alertas.

— À medida que as cidades cresciam, com maior concentração de gente, como o Rio de Janeiro, onde se desmatava as encostas para agricultura, carvão ou moradia, as enchentes começaram a causar danos consideráveis e a ficar na memória coletiva. É o caso das “águas do monte” de 1811, quando parte do Morro do Castelo desmoronou. Ou da enchente de 1864, lembrada em 1889 por uma crônica de Machado de Assis. A partir do século XX a situação piorou muito — relata o historiador.

A questão das encostas já era alvo de críticas em 1821, quando José Bonifácio argumentou que a agricultura deveria ser feita nos vales, beneficiando-se da proteção dos morros florestados. O cultivo em encostas, motivado em grande parte pela facilidade de desmatar em favor da gravidade, era encarado por ele como uma combinação de ignorância, preguiça e má gestão. Em 1862, ao ver Petrópolis alagada pela chuva, o imperador D. Pedro II reclamou com o engenheiro do distrito que “pouco se fez do ano passado para cá” para enfrentar o problema.

E pouco continuou a se fazer, passados quase um século e meio desde a crítica do imperador. O plano original de Petrópolis, dos idos de 1840, não previa o desmatamento de encosta. Mas Pádua acredita que a região de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo permaneceu por muitos anos relativamente a salvo de catástrofes em virtude de sua baixa ocupação por muitos anos.

— Até meados do século XX a população dessas cidades estava na casa dos 30, 60 mil habitantes. Tudo isso mudou nas últimas décadas do século XX, quando a população começou a crescer muito depressa — diz Pádua.

Relação perigosa com o verde

O motivo seria o fenômeno socioeconômico que os historiadores chamam de Novo Rural, baseado em turismo, casas de campo, agricultura orgânica, criação de ovelhas, cavalos e produção de produtos finos. As pessoas subiram a Serra em busca do verde.

— Apesar dos muitos pontos de risco, a região se tornou cada vez mais atraente para os que queriam viver “mais perto da natureza”, ter maior contato com o verde. E pessoas pobres foram atraídas por essas novas oportunidades de emprego. Assim, casas ricas e pobres foram erguidas em lugares totalmente vulneráveis a desastres — salienta.

Para o historiador, só uma intensa presença do poder público no controle da ocupação, associada a formas inovadoras de manejo local, poderão indicar um caminho seguro para Região Serrana.

— A natureza não pede licença ao homem. Precisamos encontrar uma forma de nos adequar — conclui.

Jornal: O GLOBO          Autor: 
Editoria: Ciência         Tamanho: 1217 palavras
Edição: 1         Página: 34
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Fonte: Site da AARFFSA